segunda-feira, 2 de junho de 2014

Watch Dogs, a fórmula da Ubisoft esta ficando gasta, mas ainda dá pro gasto

Watch Dogs surgiu com um “BOOM” e se manteve como o jogo mais esperado desde então. Sempre fazendo aparições impressionantes nos grandes eventos como a E3. Depois de uma atraso de seis meses, anunciado a um mês do suposto lançamento, finalmente Watch Dogs(daqui pra frente WD) chega ao consumidor final. Depois de dois anos de espera, será que esse jogo tinha como alcançar as expectativas do público?


Sendo um jogo de mundo aberto da Ubisoft, não tem como não fazer comparações com outras grandes franquias do mesmo gênero. Pra começar percebe-se de cara o esquema deles colocarem tudo no mapa. Não tem muitos segredos pra se procurar, a maioria das coisas está marcada no mapa, e se ainda não está é só liberar a “torre” da vez, assim como em todo Assassins Creed(daqui pra frente AC). E seguindo a mesma linha do AC, WD é um jogo que tem side missions totalmente genéricas. O único lugar onde você pode conhecer mais do mundo e se aprofundar na história e nos personagens é através das missões principais. Nesse ponto, pra um jogo que sofreu tanto atraso, ter apenas uma história principal e nenhum desenvolvimento extra em “side missions” é meio triste. O mundo que eles se esforçaram tanto tornar crível com toda a adição de detalhes, acabou mesmo assim ficando genérico por conta da falta de “side stories” significativas nas “side missions”. Fazendo outra comparação aqui, nesse ponto GTA5 se mostra superior, tendo uma gama de "side activities" com grande personalidade e NPCs marcantes. Pelo menos a história principal de WD parece mais interessante, e o suficiente pra te manter jogando até o fim.


Prosseguindo outra coisa que já se percebe de cara, é que o jogo não é um GTA no sentido da dirigibilidade. Agora já me acostumei, mas no começo era meio estranha a jogabilidade no carro. Ainda nesse quesito posso dizer que a variedade de carros não impressiona. Não tem uma quantidade absurda, nem algum veículo diferente o suficiente pra ser marcante. As observações positivas que posso fazer aqui é que a Chooper de WD é mais maneira que as Customs de GTA5, e a física quando você anda nelas é muito boa, da pra se sentir bem Schwarza no Exterminador 2. O outro ponto positivo é que existe uma opção de câmera posicionada um pouco acima do veículo, dando uma melhor visão geral para se dirigir. Assim, diferente de GTA5, não preciso dirigir com o analógico direito constantemente pressionando levemente para baixo, para que a câmera me dê uma visão melhor do que está a minha frente. 


Continuando as comparações o esquema de tiro também não é dos melhores. Novamente tive que me acostumar. O que posso dizer de mais impactante é que no WD você não pode fazer “blind fire”(atirar sem sair do “cover”). Isso somado com o fato de não poder atirar de dentro do carro faz o jogo parecer datado. Sei que deve ter sido uma opção feita conscientemente, mas não consigo imaginar o que levou o time de desenvolvimento a retirar esses elementos tão presentes hoje nos jogos do mesmo gênero. Entrando em detalhes, pra piorar, quando você está no “cover” e tenta já mirar mais ou menos do “cover”, quando você sai do “cover” pra atirar a mira se “desalinha” totalmente. Outro detalhe que cai na linha dos problemas de comparações com outros jogos é que as armas desse jogo estão calibradas de uma forma bem diferente que GTA5 por exemplo. Em GTA5 a shotgun automática é a arma mais apelona fora os lança granadas, mísseis e gatling gun. Já no WD a shotgun automática é a arma mais INÚTIL do jogo! Mas pra ser totalmente honesto aqui nas comparações, WD pode não te deixar fazer blind cover, mas pelo menos o cover funciona e seu personagem se esconde bem, diferente do GTA5 em que os personagens se abaixam na muretinha deixando a cabeça de fora. Por conta desses detalhes leva um tempo até você começar a se divertir com os tiroteios de WD.


Outro ponto que é bom abordar é o fato que não existe “melee combat”. Você tem um botao de bater e é isso. Ele é fodão no bastão e só. Não existe, como no AC, um sistema de combate, opção de ataque e contra-ataque, além de outras opções. No WD tudo fica resumido a um botão, o botão de vencer o combate corpo a corpo. Isso da uma sensação de poder, mas da uma tristeza por ser um aspecto a menos no gameplay. Parece um retrocesso comparando com AC. E embora as animações do Aiden em geral sejam boas e fluidas em suas corridas e "vault overs", as animações de combate parecem meio preguiçosas e genéricas. Ele simplesmente espanca as pessoas sem muita técnica marcial com aquele bastãozinho, bem diferente do que vemos ele fazer nas cutscenes. É apenas um detalhe, mas me entristece um pouco.


Já o esquema de "stealth" é excelentemente executado. Não poderíamos esperar diferente da empresa que domina o gênero com dois dos maiores franchises. WD é o mais próximo que já chegaram de um Splinter Cell em mundo aberto. O cover funciona bem com o sistema de transição. A dinâmica de poder sair da vista dos perseguidores e flanquear por outro lado também funciona muito bem de forma equilibrada. Não é tão fácil escapar da vista dos inimigos, mas também não é impossível, tornando-a uma tarefa árdua e recompensadora. E a grande variedade de "gadgets" que o jogo deixa a sua disposição não deixam nada a desejar quando comparados ao arsenal de Sam Fisher, facilitando e diversificando os encontros. Somando a isso tudo o esquema "bullet time" podemos ver claramente a influência na programação que o WD "sofreu" do último Splinter Cell.



Uma das ultimas considerações a fazer é sobre o sistema de Hacking. Hacking é comandar o mundo com um botão. Pra começo de conversa achei estranho esse comando ficar num botão tão principal como o “Quadrado”. O conceito de pular de câmera em câmera, ativar coisas, explodir coisas, invadir um lugar sem precisar entrar, é bem interessante. Mas certas coisas não funcionam tão bem. Pra começar a necessidade de segurar o botão de hackear, ao invés de simplesmente precisar apertar, atrapalha um pouco as coisas. Sem falar que ativar as coisas no “timing” certo é complicado. no começo você mais se fode do que se ajuda, principalmente nos hacking de transito. Isso é tão descaradamente falho que nas missões principais o jogo te da um "prompt a lá QTE" para que você aperte o botão na hora certa e assim atinja seus perseguidores com alguma traquitana hackeada, mesmo que ela esteja fora do seu campo visual, sendo, de outra forma, impossível ativa-la. Outra coisa é a demora para que o sistema mude a seleção entre os itens que se pode interagir. Muitas vezes você estará com a câmera já apontada pra um outro objeto, querendo fazer outra coisa, mas um objeto anterior ainda estará selecionado, o que pode gerar "ativações indesejadas". 


Agora preciso fazer um parênteses a parte sobre as digital trips. Já que “pixei” o jogo comparando com outros, devo dizer que nesse ponto o WD teve êxito. O PIOR que um jogo pode fazer é colocar outros jogos sem propósito dentro do jogo, como por exemplo Tênis e o Golf no GTA5. Não tinha por que. É muito desperdício de tempo de programação. A não ser que esses jogos dentro do jogo sejam bem feitos e divertidos! WD tem uma grande variedade de jogos dentro do jogo. Alguns meia boca, mas outros são top de linha! Só o Spider-Tank já faz valer a pena. Outros jogos são divertidos e bons também, introduzem uma nova jogabilidade ou um gênero diferente pra dar uma quebrada no ritmo do jogo. Definitivamente são experiências que você vai QUERER experimentar, diferente do golf ou tenis no GTA5 que ficaram intocados por mim. 


Sobre o modo online devo dizer que foi uma decepção foda. A premissa de invadir o jogo dos outros é interessante, mas você não pode optar invadir seus amigos! Eu não quero desconhecidos me invadindo ou invadir desconhecidos. Quer dizer até pode ser, mas preferiria invadir sempre meus amigos! Mas nos dois modos 1 vs 1 de hacking e tailing não da pra escolher seus amigos, é só random. O team decryption (capture the flag 4X4 team) parece que também só funciona na base do random, o que tira toda a estratégia da coisa, tornando um modo de jogo genérico e sem inspiração. Completando os modos online estão as corridas e o modo Free Roam o qual é o único que permite abrir uma sala particular apenas com amigos. Nesse modo nao dá pra entrar numa sala com desconhecidos e seus amigos, ou seja é só você e seus amigos, no mundo aberto e VAZIO de chicago. Isso mesmo, vazio! Nenhuma missão ou side mission fica disponível, é só um grande cenário onde você pode passear ou ficar se matando com seus amigos. Se você tiver 8 amigos, da pra fazer uma bagunça legal, mas se não tiver, que é o caso mais provável de quem ta jogando no PS4, não vale a pena o modo. Simplesmente triste o fato de não se poder jogar com os amigos quando quiser. O que diabos eles querem com isso? Qual a graça de perturbar desconhecidos? “Ah se você pudesse jogar com amigos ficariam se upando e melhorando seus estatus pro online.” Foda-se! to cagando pra estatus onlie, leaderboard ou o que seja! Quero é jogar com meus amigos. Se não posso, o modo online é simplesmente inútil!


Mas apesar de todos os pequenos problemas ou diferenças que WD tem em relação a jogos que estamos mais acostumados, ainda assim esse jogo é meio viciante! Tem algo que te puxa e faz querer mais. Me pergunto se é realmente o jogo ou o simples fato de sentirmos tanta falta de um bom jogo de mundo aberto de tempos em tempos que faz com que qualquer um que apareça a gente devore ferozmente. Novamente, assim como com GTA5 me sinto na obrigação de mencionar o Sleeping Dogs, o primeiro jogo de mundo aberto a integrar perfeitamente uma jogabilidade de cover shooting, melee combat e driving. Fiquei com saudade do Sleeping Dogs, preciso jogar esse jogo de novo. E fico aqui na torcida pra que o SD:Triad Wars seja anunciado na E3.

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