quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Eu e Metal Gear: MGS V - there and back again




Há 7 anos atrás eu entrei na era do PS3 em grande estilo com bundle com MGS4.(acabo de me dar conta de que ainda não fiz um post sobre o 4! Corrigirei futuramente.) Como todo jogo, teve seus méritos e seus problemas, mas no fim das contas ele supriu e encerrou minhas necessidades por metal gear de uma vez por todas. O jogo teve partes épicas e risíveis em quantidades similares, plot intrigante e explicações decepcionantes. Uma montanha russa com altos e baixos, mas no final um saldo absolutamente positivo. Foi um final, um pouco decadente, não diria indigno, mas ao menos condizente. Como já mencionei em outros posts, depois disso me empolguei para o MGS Rising que foi destruído quando transformado no MG Rising. De lá pra cá minha empolgação e expectativas com a franquia se reduziram bastante. Não liguei muito pro anúncio de MGS5, principalmente depois de saber que a história faz uma conexão tão direta com um dos jogos que menos aprecio na franquia, o Peace Walker. Mas como um bom e legítimo fã de longa data, não poderia deixar de dar uma chance ao Phantom Pain.



Mas antes disso o test drive com o ground zeroes. Obviamente esse demo seria lançado gratuitamente cedo ou tarde, mas eu fiz a besteira de comprá-lo quando houve uma promoção, mas mais por que na época não havia jogo algum saindo na nova geração. Então acabou valendo a pena. No entanto o demo não serviu pra me empolgar pro jogo. Achei meio vazio em termos de mecânicas. Por fim foi o último trailer que me "reempolgou". Psicho Mantis, Liquid e Solid crianças foram um grande apelo. Porém também foi ele que me alertou! Quando eu vi aquela metal gear que mais parecia um Orbital Frame, na hora ri pra caralho e pensei... “aaaahhhh Kojima.. Foda-se né? Foda-se tudo! LOL!” Então já me preparei pra encarar o jogo com um espírito mais leve. Tipo se for bom, beleza, se não, já dava pra perceber né, e foda-se.



Finalmente começando a jogar, percebo que Metal Gear continua um jogo quadrado. Normalmente quando sai um jogo novo da franquia eu curto muito o gameplay, mas como já comentei em outros posts, tendem a ser jogos que não envelhecem bem. Pouco tempo depois você percebe como certas coisas são quadradas e insuportáveis. Metal Gear sempre foi um jogo que você acaba jogando de novo e de novo pela história enquanto suporta o gameplay datado. Certas ações devem ser feitas em posições específicas, as transições não são fluídas e mesmo com um gráfico estupendo o jogo parece datado. Não que a maioria dos jogos hoje não tenham mecânicas muito pré-escriptadas, mas ao menos eles já atingem isso de forma muito fluida. Não espere que Snake passe por cima de um obstáculo com a mesma fluidez que Os últimos splinter cell ou assassins creed. Tudo bem que isso nunca foi o forte de metal gear, mas quando de cara você já sente um jogo novo meio datado, não é bom sinal. E dessa vez não temos a desculpa do snake ser velho pra ele se mover "lentamente" como no MGS4. Claro que mais pra frente, pegando o jeito do gameplay, aprendendo novos comandos, você vai abstraindo os pequenos problemas enquanto aprecia as grandes qualidades.



Quando eu finalmente peguei o jeito, nossa, que jogo bom e divertido. Ele te faz querer voltar a ele. É aquele lance, algumas mecânicas principais são simplórias e sem muita inspiração, mas isso acaba sendo compensado pela diversidade e criatividade dos outros elementos e mecânicas. Cada hora o jogo vai introduzindo elementos que modificam e trazem um ar de novidade ao gameplay. A economia do jogo funciona muito bem, mantendo constante o ritmo da sua evolução. O desenvolvimento de novos equipamentos é sempre recompensador e em nenhum momento você se sente impotente ou poderoso demais, rápido demais. Eventualmente o jogo te dá poder sim, mais do que jamais antes na história da franquia. Ok talvez tirando um momento único ou outro, como pilotar a Rex. Mas de resto nunca me diverti tanto, nunca tive tantas armas e bugigangas à disposição para me divertir no mundo de metal gear. Porém, novamente isso é muito bem balanceado pela economia, onde cada item que você equipa tem um custo. E se você for sovina vai acabar passando o jogo todo jogando com poucos itens e perdendo grande parte da diversão. Porém se você não atentar aos gastos vai acabar ficando no vermelho. Então realmente não é pra ficar saindo todo equipado toda hora, e a economia do jogo é muito eficaz em manter esse balanceamento.



E falando em se divertir no mundo de Metal Gear, esse pela primeira vez é um mundo aberto. No entanto apenas as side ops estão realmente vivas no mapa, qualquer missão principal exige que você a selecione e a ative gerando um loading. Apenas comento isso como uma constatação e não um problema, o mundo é bem satisfatório. No entanto algumas mecânicas mal implementadas atrapalham a sua mobilidade. O mapa é grande, percorrer grandes distâncias a pé ou a cavalo é impraticável. Mesmo os veículos são meio lentos, o melhor seria poder ir de helicóptero, mas quando você chama o helicóptero você não tem a opção de se deslocar pra outro drop point, você é obrigado a se retirar do mapa, gerando um loading, voltar pra tela do helicóptero, que é o centro de comando avançado, praticamente uma tela de administração pois só a partir dali você tem acesso a todos os menus do i-droid. Por exemplo, você não tem acesso a customizações de armas e etc. em nenhum lugar, só no helicóptero. E daí pra ir a outro ponto no mapa, você é obrigado a se "re-deploy" fazendo com que se gaste novamente o custo de todos os equipamentos. Sem falar em mais uma tela de loading pra retornar ao mapa. Então pra evitar toda essa espera de loadings e o gasto, eu acabava por optar em permanecer no mapa e ir de side-ops em side-ops de carro. É uma boa forma de economizar e explorar os mapas abertos. Mas quando você começa a se interessar mais na história e querer ver o que vai acontecer a seguir, não tem jeito, terá que encarar os loadings.



Falando na história, vamos a ela com direito a SPOILERS! Então se você não acabou o jogo a sua leitura termina por aqui. Mas na real mesmo, a história é tão caída que ter spoiler ou não, não faz muita diferença. Bom por onde começar??? Vamos tentar verificar todos os aspectos aqui que moldaram essa história.
Kojima finalizou MGS4, considerando mesmo que de passagem, acontecimentos do MPO. Dois anos depois tivemos o Peace Walker. Não preciso me repetir, vocês já sabem o que eu acho da merda do Peace walker. Acho que desde o MGS4 a qualidade da história vem diminuindo, talvez junto com o saco do Kojima de continuar a série. MGS4, PW e MGSV não tiveram um grupo de vilões bom, carismático. Uma das características principais da série. MGS4 teve as Beauty and Beasts que só tinham visual, personalidade e envolvimento prévio com a trama, zero. No PW os inimigos eram todos robôs, todos pseudo metal gears. Meio tosco, meio forçado tecnologicamente, quando você compara a Rex, que era o ápice em 2005. Aquelas maquinas bizarras pareciam mais avançadas. No MPO dá pra aceitar a RAXA porque ela só era ágil por que era controlada por uma Psíquica. No MGSV temos uns super-soldados que lembram as FROGs do MGS4 e uma Metal Gear que parece um Orbital Frame, maluco! Peraí né? No PW já forçaram a barra, mas essa agora foi demais! Sahalantropus foi o treco mais avançado já feito. Como assim a Rex veio depois? Só se tiver sido feita realmente das sucatas do Sahalantropus. Mas esse nem é o ponto, a questão também é, que uma das graças de metal gear é que as Metal Gears são “tanque-monstros”. Elas não são humanoides, são bestiais, essa é a graça. Mas enfim, Kojima colocou um Orbital Frame em Metal Gear, e olha que nem é um spin-off ridículo tipo o MGRising! E aqui ele quis se aproveitar do conceito usado no MPO e usou os poderes do Psycho Mantis como uma solução também pra forma tão orgânica e viva que Sahalantropus se mexe. Bom, mas bem ou mal vi isso antes no trailer então me preparei pra isso. Os 2 ou 3 vilões que se salvam são justamente aqueles que foram reaproveitados dos outros jogos. Mas mesmo eles foram mal desenvolvidos ou apresentados de forma anticlimática. Sem mais nem menos, de repente, no rádio me vira o Miller e fala "sabe o Man on Fire? Então, parece que ele é o nosso amigo Volgin." Porra sério? Sério que é assim que vocês revelam isso? E sério que essa situação se conclui dessa maneira, sem nem uma luta final definitiva com ele? WTF!? Talvez se o overall da história fosse foda eu relevasse essas paradas. Mas não é o caso.

Outro problema é o pouco diálogo. Poucas coisas acontecendo em geral, poucas explicações. Na verdade o universo de MG já está todo explicado, aqui temos apenas a inserção de novos elementos desnecessários. Ficamos querendo achar informações, conexões que nos interessem, mas o jogo está ali pra se explicar, explicar os elementos novos que não nos interessam. XOF, Cypher, Diamond Dogs, PMCs genéricas... whatever! Cadê Fox, Fox-hound, Patriots? No geral o que parece mesmo é: sabe aquela parte de MGS4 que tem um monólogo imenso explicando PMC, mercenary armies, war economy e proxy war?? Então, parece que você está dentro daquela explicação. Vivendo o dia a dia daquela situação. O que em certa hora enche o saco. É legal construir o seu exército e tal, mas já é a terceira vez que faço isso, o terceiro jogo, e por que cargas d’água inventei MSF e depois DD?? Se no MPO a deixa pra “Outer Heaven” já estava tão clara? Onde isso vai dar? Onde vou chegar? Quando os relacionamentos vão chegar aos personagens que interessam e de forma interessante?


Falando nos personagens, não há familiaridade alguma em MGSV pra mim. Eu simplesmente desconheço e desgosto de TODOS! Nunca tive empatia pelo Miller, no PW entrou forçado no lugar do Coronel, como se fosse um amigão, mas eu não conheço ele. No MGSV está mais amargo do que nunca, desconfio muito dele. Ocelot nunca foi um cara legal, mas sempre foi um personagem interessante! Aqui ele não é nem um, nem outro. Se tornou um personagem cinza, neutro, nada notável. Parece que está ali apenas pra fazer um contraponto com o Miller. Graficamente não parece com nenhuma das versões que conhecemos dele. Também não tem a voz, nem de um, nem do outro. É um ilustre desconhecido. Falando em desconhecidos, Snake é o maior deles! Kiefer Sutherland é desnecessário. Em nenhum momento eu percebi grandes mudanças de expressões faciais ou longas cenas de diálogo desenvolvendo qualquer situação. Ou seja, aquele lance do Kojima de querer um “ator de verdade” e não apenas um dublador é realmente o maior papo furado. Keifer parece que não sabe o que está fazendo ali, assim como Snake. O grande Big Boss nunca esteve mais vazio de personalidade. Um cara como ele deveria estar no comando da situação, não sendo pau mandado de Miller e Ocelot, seguindo o que eles dizem sem nem ponderar opções. Bom, quando você chega no final não deixa de ser ironicamente engraçado. Quase faz sentido, mas falarei do final mais pra frente. Prosseguindo, pra piorar, como falei há poucas cutscenes e grande parte dos diálogos acontecem sem mostrar os protagonistas falando, ou através de gravações em fitas. E termos vários atores e vozes novas nos papéis mais importantes não nos ajuda a distinguir quem é quem. Quem está falando o quê? Pelo amor de DEUS, eles mudaram a voz do Zero! Saca, um personagem que não aparece, tem meia dúzia de diálogos apenas em gravações no final, e você ficar se perguntando, “é ele mesmo? ” Por que hora a voz parece e hora não. Porra palhaçada!



E falando em palhaçada, vamos ao final. Achei a reviravolta final interessante. Embora eu já tenha vivido ela. O lance de, “você não é o snake, mas você foi colocado no lugar dele, pra ser como ele.” É a mesma coisa que no MGS2. O Kojima novamente tentou usar de um artifício para nos colocar no lugar do protagonista. E fez isso, novamente, muito bem. Mas pra mim não foi novidade. Não me surpreendi. Curti, mas pensei, “ah, isso de novo.” De certa forma acho que foi uma jeito do Kojima dizer ao público em geral, “fodam-se!” Na verdade ele sempre faz isso. As pessoas reclamam de algo que ele fez que ele gosta. Aí ele costuma logo em seguida, fazer o contrário. Ele tentou nos colocar no lugar do protagonista como o Raiden. As pessoas não entenderam, não gostaram, e agora estão recebendo isso novamente! Novamente você não é quem acha ser, você é você! Ele tentou nos dar o ninja Raiden, as pessoas não gostaram. O que ele fez? MGS3 não é ele, mas também não é o Snake! E no MGS4? Ok é o Snake novamente, mas velho e caquético, e agora o Ninja Raiden é FODASSO e todo mundo quer jogar com ele, mas não pode. No MGS4 as cutscenes eram muito longas. Reclamou? Agora quase não tem mais cutscene, se quiser saber mesmo da história do jogo vai ter que ficar ouvindo ela ser contada TODA apenas em áudio! Além disso se quiser a história completa mesmo ainda tem que ficar andando por um labirinto gigantesco chamado Mother-Base procurando formas de “ativar” cenas “secretas”. Porra fala sério né? Pior que no fim das contas, até que alguns diálogos são interessantes, algumas partes se salvam, enquanto outras parecem ser forçadas e complexas demais sem ter por que. Eu poderia ficar escutando de novo, e de novo, até captar tudo, tentar forçar as paradas a encaixar pra fazer sentido, mas quer saber? Metal Gear já deu! Ficou zuado demais e desinteressante. A história mesmo foi pro brejo. As próprias lógicas ilógicas. “Não há o sobrenatural, apenas tecnologia de ponta.” Frase famosa do Ocelot. E realmente no MGS4 eles explicam TUDO com nanomachines. Pelo visto nanomachines já existiam na década de 80.

 Devo dizer que o Kojima também é muito TROLL! Ele coloca Liquid e Solid crianças lado a lado no trailer, criando um "hype", e no fim das contas, não é nada disso. Ele sabe como nos iludir, como brincar com nossos sentimentos, como nos ferir. Ou talvez tudo isso esteja ligado ao fato de que esse jogo está incompleto! Sim a história acaba de repente e de forma inconclusiva. O jogo tem um pseudo final na missão 30 e pouco, obviamente não é o final. Depois disso diz que foi o fim do capítulo 1 e faz uma grande propaganda do que esta por vir no capítulo 2. Mas o problema é que o capítulo 2 é composto de meia duzia de missões que realmente fazem a trama progredir. E algumas missões de enrolação e outras que são simplesmente missões anteriores em nível de dificuldade diferente! Eles contabilizam como uma missão nova mas na verdade não é! Então o jogo acaba na missão 46, mas vai até a 50. Muitas pontas são deixadas soltas, muitas coisas importantes são apenas narradas em áudio. A sensação de incompletude é excruciante! Esse jogo não foi terminado! MGS4 amarrou tudo tão bem, deu um ar de conclusão, encerramento, tão satisfatório... E agora MGSV parece acabar antes do meio. E sabe o que é mais triste? Eu não me importo. Perdi o tesão e interesse nas minúcias desse plot.


A historia de Metal gear pode ter ido pras cucuias, mas então, o que se salva disso? Eu sempre gostei da história de metal gear, mas mais do que isso, sempre gostei da mensagem que o jogo passa. Cada jogo tem uma mensagem, um tema, um “meme”, como o Kojima gosta de dizer. Por incrível que pareça, essa parte continua intacta. Como pode ter uma história merda, mas passar mensagens, ideias e sentimentos tão claros? Com todos os Spoilers de história que falei aqui, acho que o que realmente pode estragar a experiência de quem pretende jogar esse jogo é o que falarei a seguir. Os temas de MGSV. Crianças soldados. Cara, só isso, é um baque. Nenhum jogo jamais foi a esse território. Quando você se depara com isso e precisa lidar com isso, é tenso. E agora? O que eu faço? Não posso atirar nessas crianças. Mas elas estão armadas e vão me matar, tendo a oportunidade. Como lidar? Outra parte interessante são as áreas de contaminação. Nunca fiquei tão tenso e apreensivo pra possibilidade de um susto! Aquele galpão sozinho foi mais assustador que todos os Resident Evil mais recentes. O jogo é visceral, nojento, incomoda. Matar seus próprios soldados infectados, é algo que pesa. Você sai daquela cena outro. É esse o tipo de experiência que estou acostumado a ter com Metal Gear. Experiências marcantes, pra levar pra vida toda. No fim das contas ainda diz mais do que muito jogo ou filme por aí. E esses são apenas alguns pontos chaves que comento aqui. Não está tudo aqui, o jogo é mais profundo que isso e cada um absorve de maneiras diferentes. Por isso mesmo com todas as falhas, recomendo a todos jogar. Mesmo com todas as falhas ainda é o jogo do ano pra mim. Ainda é o Metal Gear do meu coração. S2

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